Excelentíssimo Sr. Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Vereador José Police Neto,
Excelentíssimo Vereador Jamil Murad, autor do Projeto de Decreto Legislativo nº 12 de 2012, na pessoa do qual saúdo todos os Excelentíssimos Vereadores presentes,
Excelentíssimos Senhores componentes da mesa,
Excelentíssimas autoridades religiosas, diplomáticas e civis em geral, e todos os representantes de entidades já nominados,
Senhoras e Senhores.
Tendo agradecido primeiramente a Deus, agradeço a todos que aceitaram o convite para participar desta homenagem, sejam da cidade de São Paulo, de outras cidades do Estado e de outros Estados brasileiros, em especial os de Curitiba e Brasília.
Sua presença, senhores, é para mim mostra de consideração e respeito, e me orgulho por isso, agradecendo a Deus por tudo e por todos.
Agradeço especialmente aos senhores que fizeram uso da palavra antes de mim e disseram palavras carinhosas e sinceras a meu respeito, das quais não me julgo merecedor.
Antes, afirmo o que lemos no Santo Evangelho, as palavras do Senhor Jesus aos seus discípulos quando Ele disse: “Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos servos como quaisquer outros; fizemos apenas o que devíamos fazer”.
No espírito deste ensinamento cristão, confesso diante dos senhores que tudo de bom que fiz, as boas obras que pratiquei em minha vida religiosa em diferentes países de atividades pastorais, se devem à graça de Deus e a cooperação dos meus filhos espirituais em todos os lugares por onde passei.
Eu não teria feito tudo o que fiz nestes 20 anos no Brasil sem o auxílio e sacrifício do Clero ortodoxo e dos membros de nosso Conselho Arquidiocesano em São Paulo, dos Conselhos paroquiais em outros Estados e o apoio dos filhos de nossa comunidade.
Foi a ajuda de todos, a cooperação durante estes anos que possibilitaram um resultado altamente positivo para a Igreja e a comunidade. Por isso considero esta homenagem que recebo como uma homenagem aos membros de nossa Igreja que servem, com sinceridade, nossa Arquidiocese de São Paulo, e também a todos os filhos da comunidade árabe,
especialmente sírios e libaneses em São Paulo e em todo o Brasil.
União, cooperação, trabalho sincero e com amor, com a bênção de Deus, são a base do sucesso em todos os campos.
Senhoras e Senhores,
Hoje estou sendo homenageado com o honroso título de “cidadão paulistano”, na qualidade de Arcebispo da Igreja Ortodoxa Antioquina, a mãe de todas as Igrejas, com sede atual em Damasco, na Síria.
Esta Igreja foi fundada no século I, na cidade de Antioquia da Síria, pelos Santos Pedro e Paulo, “cabeças” dos apóstolos.
Lembramos que foi na cidade de Antioquia, como narra o livro dos Atos dos Apóstolos, que os discípulos de Jesus Cristo foram chamados, pela primeira vez, de “cristãos”.
Minha presença neste abençoado país, o Brasil, se deve ao fato de ser eu aqui o representante desta Igreja Apostólica oriental, com a missão de servir e pastorear, primeiramente, os filhos desta Igreja, assim como os filhos da comunidade sírio-libanesa em geral, no campo religioso e patriótico, fortalecendo sua ligação com as Igrejas irmãs no Brasil e a Igreja mãe e com a Pátria mãe.
Como todos sabem, os membros de nossa comunidade emigraram dos países do Oriente Médio devido a muitas adversidades enfrentadas em seus países de origem, e, felizmente, foram recebidos aqui no Brasil de braços abertos e por corações calorosos.
Damos graças a Deus por eles, por sua luta e trabalho, pois tiveram importante papel no desenvolvimento do Brasil, com o incremento do comércio e da indústria, a fundação de inúmeras entidades humanitárias e sociais, como hospitais, lares para órfãos e idosos, clubes, órgãos de cooperação e organização de atividades comerciais, industriais e turísticas, em contato e intercâmbio com outros países, especialmente do Oriente Médio.
E hoje, como membro dessa grande comunidade árabe, me sinto honrado e tenho orgulho de receber oficialmente, nesta nobre casa, o título de “cidadão paulistano”.
No entanto, por outro lado, sinto que sou cidadão paulistano desde o meu nascimento na cidade de Damasco, porque entre Damasco e São Paulo há um forte elo, por estarem as duas ligadas ao apóstolo Paulo.
Sou de Damasco, nasci naquela cidade e foi lá que São Paulo, o grande apóstolo, nasceu espiritualmente. Damasco é o lugar de sua conversão à fé cristã, e lá ele foi batizado, depois de aceitar o chamado do próprio Jesus Cristo e ter ficado cego.
Assim, este apóstolo, ainda com o nome de “Saulo”, fechou os olhos para o mundo de matança e perseguição aos seguidores de Cristo e os abriu para o mundo da luz e do amor, passando a se chamar Paulo, e se tornou voz do amor e da salvação divinos para todas as nações, anunciando o Evangelho na Ásia e Europa, a partir da Síria, berço da Igreja Cristã, indo, finalmente, a Roma, onde foi martirizado.
A cidade de São Paulo, que o tem como padroeiro, certamente é abençoada, com os que nela habitam, por ter este nome, pois a bênção de Deus e de seus santos é uma dádiva celeste.
Senhoras e Senhores,
A mim foi concedida a dupla graça de nascer fisicamente na cidade de Damasco, da qual me orgulho em levar por toda a vida seu nome, pois sou Damaskinos, ou seja, “damasceno”, o natural de Damasco, e de viver nesta cidade de São Paulo e me tornar hoje cidadão paulistano.
Desta forma, após 20 anos de serviço pastoral neste amado país, me é concedida a grande honra da outorga do título de “cidadão paulistano”, por iniciativa do Excelentíssimo vereador Jamil Murad.
Aqui há algumas questões que chamam a atenção de algumas pessoas, como seja a iniciativa desta homenagem a um líder religioso cristão partir de um amigo de origem islâmica, o nobre vereador Jamil Murad, membro do Partido Comunista do Brasil, com o qual não tenho qualquer ligação, seja próxima ou distante com este partido.
Isto, na minha visão e entendimento, é uma atitude sincera, movida por um elevado sentimento, da parte do vereador Jamil Murad, que supera toda visão limitada nas relações humanas, que supera as diferenças étnicas, religiosas, políticas e outras.
Tal é a dimensão desta iniciativa do querido vereador Jamil Murad, do qual conheço as qualidades, homem que todos reconhecem como sincero, batalhador, que ama o próximo e defende seus direitos, bem como os direitos dos fracos e injustiçados.
É conhecida sua valorosa luta pela causa palestina, como seu esforço para implantar o direito e a justiça.
Por isso agradeço a ele de coração, desejando-lhe pleno êxito em sua caminhada política e patriótica, concretizada no serviço a seu semelhante.
Nesse sentido, igualmente agradeço ao excelentíssimo presidente e demais membros da Câmara Municipal de São Paulo, que aprovaram o Projeto de Decreto Legislativo nº 12 de 2012.
É sabido que outras pessoas de nossa coletividade receberam este título antes de mim, numa prova clara da posição ativa de nossa comunidade na sociedade brasileira, de maneira especial na cidade de São Paulo.
Hoje, portanto, estou muito orgulhoso de poder ser chamado cidadão damasceno e paulistano ao mesmo tempo.
Finalmente,
Encerro pedindo a Deus que ilumine as mentes e os corações dos dirigentes mundiais, para que seja detida a cultura da violência, tanto entre os seres humanos como contra a natureza.
O mundo e os seres humanos foram criados por Deus para a vida e não para a morte injusta.
Que nosso Deus conceda paz a todo o mundo, especialmente ao nosso Oriente, desde a Palestina, terra santa, até o Iraque (terra do Patriarca Abraão), abençoando e pacificando Damasco (cidade do apóstolo Paulo), toda a Síria e Líbano, toda esta terra santificada pelos profetas e santos apóstolos que nela estiveram levando a mensagem de fé em Deus, de amor e fraternidade entre os povos, dentre os quais o santo apóstolo Paulo, através do qual o anúncio do amor e paz chegou ao mundo inteiro.
Mais uma vez agradeço sinceramente a todos os presentes, sem distinção.
Que a paz de Deus esteja com todos!
Dom Damaskinos Mansour
Arcebispo Metropolitano